"Cancro" da Al-Qaeda não foi totalmente eliminado
As declarações do secretário da Defesa foram proferidas no âmbito de uma palestra destinada aos membros do grupo de reflexão "Center For a New American Security", durante a qual analisou os avanços e os retrocessos da luta contra a rede terrorista na última década.
Panetta sublinhou as conquistas alcançadas no Afeganistão, onde a segurança "melhorou consideravelmente" designadamente em áreas estratégicas, como Cabul, cidade onde os ataques diminuíram 22 %, e Kandahar, onde o recuo foi superior a 60%.
Não obstante "os avanços reais" alcançados -- quatro líderes da Al-Qaida foram executados, incluindo Osama bin Laden --, Leon Panetta, citado pela agência noticiosa espanhola Efe, afirmou que a ameaça ainda não foi eliminada.
Apesar dos "progressos" alcançados no Afeganistão, o secretário da Defesa dos EUA considerou que o "cancro" originou "metástases" em outros países como o Iémen e Somália.
"Temos diminuído o cancro principal, mas sabemos que o cancro criou metástases em outras partes do corpo global", argumentou.
Leon Panetta sublinhou ainda que durante anos, os EUA têm vigiado a organização, a par com o governo do Iémen, treinando às forças de segurança locais e formando especialistas em contra-terrorismo, apontando, no entanto, que esse trabalho "está longe de terminar".
A Al-Qaida aumentou a sua atividade no país devido à situação de instabilidade que vive desde que, em janeiro de 2011, estalaram revoltas populares contra o então Presidente iemenita Ali Abdallah Saleh, o qual acabaria por ceder o poder, em fevereiro, ao seu vice-presidente, Abdo Rabo Mansur Hadi.
Leon Panetta fez também referência à cooperação com a Somália no plano da luta contra o grupo radical Al-Shabab, ligado à Al-Qaida, o qual chegou a controlar 50 % do território.
Porém, como recordou, o controlo de bastiões como Kismayo acabaria por ser recuperado, graças à Missão da União Africana (AMISOM).
Como resultado, a ameaça do Al-Shabab diminuiu, constatou Panetta, defendendo ainda assim que se continue a trabalhar para "consolidar as conquistas alcançadas contra os terroristas".
Ainda que a probabilidade de um ataque em grande escala contra os EUA, como o de 11 de setembro de 2001, seja mais diminuta graças à colaboração com estes países, o "cancro" da Al-Qaida tem sabido adaptar-se "dispersando-se geograficamente", avaliou Leon Panetta.
"A luta contra a Al-Qaida tomou uma nova direção, a qual exige que sejamos especialmente adaptáveis e resistentes para continuar a luta", advogou.
O secretário da Defesa norte-americano advertiu ainda que a Al-Qaida procura estabelecer "pontos de apoio" em outros países no Médio Oriente e no oeste de África, com grupos como o Boko Haram, na Nigéria.
O responsável deu ainda conta da sua preocupação relativamente à Líbia, onde "extremistas violentos e afiliados da Al-Qaida atacaram e mataram norte-americanos inocentes em Bengasi", numa referência ao ataque de 11 de setembro contra o consulado norte-americano.
O ataque na Líbia, que causou a morte ao embaixador Chris Stevens e a outros três cidadãos norte-americanos, viria a abalar a política interna do país, após ter sido contestada a forma como Washington gerou as informações sobre o sucedido.
"Trabalharemos com o governo da Líbia para levar à Justiça quem perpetrou esses ataques", afirmou, ao sublinhar que os EUA vão continuar a perseguir a Al-Qaida "onde quer que vá" e "onde quer que se esconda".